Alergia alimentar e a exclusão dietética nutricional desnecessária

Postado em: 20/11/2020

O 47º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, realizado on-line de 31 de outubro a 2 de novembro, abordou as alergias alimentares, trazendo para discussão as exclusões dietéticas desnecessárias antes do diagnóstico preciso. Sem estatísticas oficiais no Brasil, a prevalência se assemelha ao cenário internacional que aponta que 8% das crianças, com até dois anos de idade, e 2% dos adultos têm algum tipo de alergia alimentar. 

De acordo com a Dra. Fernanda Patini Furlan, especialista em alergia e imunologia clínica e membro titular da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia e da Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia, médica credenciada do Padre Albino Saúde, os casos de alergia vêm aumentando nos últimos anos devido ao crescente consumo de alimentos processados, estilo de vida, além das alergias alimentares estarem sendo mais diagnosticadas. “A alergia alimentar sempre existiu, mas era subdiagnosticada e muitos pacientes morriam de anafilaxias sem saber que a causa era alguma proteína alimentar. Além disso, nosso estilo de vida, com a ingestão de alimentos processados e ultraprocessados com frequência, e o início precoce da inclusão dos alimentos industrializados na rotina alimentar das crianças também são fatores relevantes para esse aumento”, pontuou.  

Leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar respondem pelos alimentos mais responsáveis por reações alérgicas, de acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. No entanto, vários outros alimentos ocupam paulatinamente maior espaço na lista dos alérgenos. Paralelamente, a gravidade das reações e o tempo para a remissão da doença parecem ter aumentado e alimentos como amendoim e castanhas tornaram-se mais preocupantes entre a população pediátrica nos últimos anos. “Aos 6 meses de idade, quando o bebê começa a comer, as oleaginosas devem ser também introduzidas, assim como amendoim, peixes e frutos do mar e nunca postergadas para após os 9 meses de idade, pois isso aumenta o risco de apresentar reações; é a chamada "janela Imunológica" da criança, que deve ser aproveitada com a introdução desses alimentos na dieta do bebê”, ressaltou a especialista. 

  

Suspeita de alergia, o que fazer? 

 

Diante da suspeita da alergia alimentar, o primeiro passo é atentar-se aos sintomas, pois as reações de hipersensibilidade acontecem sempre que o paciente entra em contato com determinada proteína alimentar, podendo apresentar os mais diversos sintomas, como urticárias, eritemas e edemas de lábios, pálpebras, língua e garganta, além de vômito, diarreia, coriza, tosse e chiado no peito, queda de pressão e desmaios. “Quando a reação acomete dois órgãos diferentes, chamamos de reação anafilática, que são bem graves, podendo levar o paciente rapidamente ao óbito”, alerta Fernanda, orientando que a investigação junto ao especialista diante de qualquer suspeita é o primeiro caminho para que o paciente seja orientado corretamente, evitando, assim, a exclusão desnecessária de alimentos que possam vir a causar problemas nutricionais, além de serem orientados como devem agir em caso de reação alérgica grave. 

 

Como é diagnosticado? 

Após a avaliação da história das reações pelo especialista, testes alérgicos ou exames laboratoriais podem ser indicados para assim chegar-se a diagnóstico. Em caso de dúvidas, o teste de provocação oral, considerado padrão-ouro para diagnóstico de alergias alimentares, pode ser necessário.  

 

Alergia ou Intolerância? 

 

Nas reações alérgicas sempre há envolvimento do sistema imunológico, que reage de maneira exagerada a determinada proteína alimentar e podem apresentar sintomas em diversos órgãos e serem até fatais. Na intolerância, não há envolvimento do sistema imune e as reações são mais leves, dependem da quantidade e da forma como é ingerido (assado, processado ou in natura), acometendo geralmente apenas o trato gastrointestinal. 

 

Disponível no mercado 

Após a lei de obrigatoriedade de especificação em destaque dos alérgenos nos rótulos dos produtos ficou mais fácil para os pacientes identificarem os que podem ser consumidos, mas é preciso atenção. A substituição de alimentos como forma de suprir as necessidades nutricionais apenas deve ser feita perante orientação do médico ou do nutricionista, principalmente no caso de crianças.  


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