Hospitais da Fundação Padre Albino têm déficit operacional perto de R$ 50 milhões nos últimos 3 anos

Postado em: 13/05/2022

 

Os hospitais da Fundação Padre Albino, conforme demonstrado acima, apresentam déficit operacional extremamente alto, próximo de R$ 50 milhões nos últimos três anos.

De acordo com o presidente da Diretoria Executiva, Reginaldo Donizeti Lopes, parte desse déficit é coberto com subvenções recebidas dos governos federal e estadual, emendas parlamentares e captação de recursos junto à comunidade que, segundo ele, são inconstantes, causando grande incerteza na administração do fluxo de caixa.

“O déficit apurado nos últimos quatro anos oscilou entre R$ 15 e R$ 22 milhões e foi coberto com recursos próprios, ou seja, a Fundação Padre Albino faz saúde pública com recursos próprios”, ressaltou Reginaldo. Ele lembra que essa realidade atinge todas as instituições que prestam serviços ao SUS. “O desequilíbrio econômico/financeiro está relacionado, principalmente, com a defasagem da tabela SUS, que praticamente não é reajustada há mais de 15 anos”, aponta.

Reginaldo afirma que “esta relação dos hospitais com o SUS, pública e notoriamente conhecida, é crescentemente deficitária já há mais de duas décadas, levando os hospitais a alto endividamento, em mais de R$ 20 bilhões, sucateamento das suas estruturas físicas e tecnológicas, situação que foi agravada duramente durante a pandemia da Covid-19 e persiste com cenário irreversível de caos, principalmente no abastecimento de materiais e medicamentos, com preços elevadíssimos, além da inflação que persegue os custos dos nossos hospitais letalmente”.

O presidente da Diretoria Executiva da Fundação salienta que desde o início do plano real a tabela SUS e seus incentivos foi reajustada em média em 93,77%, enquanto o INPC 636,07% e o salário-mínimo 1.597,79%. “Esse descompasso brutal representa 10,9 bilhões de reais por ano de desequilíbrio econômico e financeiro na prestação de serviço ao SUS de todo o segmento”, esclarece.

No entanto, Reginaldo Lopes aponta que graças ao legado deixado por Monsenhor Albino e atuação de seus dirigentes e funcionários, Catanduva e região vivem até agora realidade bastante diferente da grande maioria das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos brasileiros, pois graças a outras unidades de negócios e excelente gestão, tem conseguido suprir os déficits dos hospitais e evitar o endividamento da instituição. Entretanto, ainda segundo ele, ultimamente os recursos gerados pelas outras unidades de negócios da Fundação já não têm sido suficientes para cobrir esses déficits.

Reginaldo reafirma que pela análise do demonstrativo acima fica evidente a defasagem da atualização das receitas pela prestação de serviços ao SUS, sendo que entre 2018 e 2021 apresentaram crescimento de apenas 3,2%. Ele salienta que os hospitais cumprem rigorosamente os serviços contratualizados pelo SUS, inclusive acima do contratado. Por outro lado, continua, os custos dos serviços (compostos principalmente por materiais hospitalares, medicamentos e honorários médicos) cresceram 47,4%; as despesas com pessoal, 29,7%, e as despesas administrativas, 20,8% no período.

Estrategicamente, salienta ele, uma das alternativas buscadas pelas instituições filantrópicas é aumentar as receitas com convênios e particulares (operadoras de planos de saúde), que apresentam melhor remuneração em comparação ao SUS; por isso, o crescimento significativo atingido pelos hospitais da Fundação de 74% no período de 2018 a 2021. “Todo recurso gerado com essas atividades é aplicado na operação hospitalar, ajudando a suprir os déficits do SUS. Entretanto, conforme podemos verificar, mesmo apresentando significativo crescimento não foi suficiente para compensar a falta de atualização da tabela SUS e diminuir os déficits”, finaliza Reginaldo.

Como entidade filantrópica, a Fundação Padre Albino presta contas anualmente ao Ministério Público, através do Curador de Fundações, para o Tribunal de Contas, seu balanço é auditado por Auditoria Independente e para renovação do CEBAS/Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social é fiscalizada pelos Ministérios da Saúde, Educação e da Cidadania.

Apesar de todas as dificuldades, a Fundação Padre Albino ainda conseguiu investir nesse período (2018 a 2021) em seus hospitais R$ 11,2 milhões em máquinas e equipamentos hospitalares, equipamentos de informática, móveis e utensílios (camas hospitalares e berços para a Pediatria, entre outros) e benfeitorias em imóveis. Reginaldo fez questão de ressaltar que os hospitais Emílio Carlos e Padre Albino mantém a qualidade no atendimento. “Nossos hospitais são muito bem avaliados, tendo ficado na primeira colocação no ranking dos hospitais participantes do Programa Santas Casas SUStentáveis pertencentes a DRS-XV (Departamento Regional de Saúde de São José do Rio Preto) e, respectivamente, em 3º e 8º lugares na 5ª Avaliação Estadual feita anualmente com 57 hospitais filantrópicos do Estado de São Paulo participantes do programa”.

Ele explicou que os hospitais são avaliados trimestralmente pelo programa, criado em 2014, por meio de 44 indicadores de qualificação de gestão e de produção, entre eles indicadores de alta hospitalar, ética médica, capacitação e treinamentos, controle de infecção hospitalar, incidência de queda de pacientes, entre outros. Para ele, essa avaliação deve ser atribuída à qualidade da assistência, pois “temos aprimorado nossos atendimentos e procedimentos, buscando sempre a excelência na assistência”, ressaltou.

Outro ponto positivo foi, segundo a Organização de Procura de Órgãos (OPO), de São José do Rio Preto, a atuação da Comissão Intra-Hospitalar de Transplante (CIHT) da Fundação, que colocou Catanduva entre as três principais cidades do Noroeste Paulista que realizam captações de córneas e múltiplos órgãos. A CIHT promove o acolhimento e a abordagem com os familiares nos hospitais Emílio Carlos (HEC) e Padre Albino (HPA).

 

 

 

 


Galeria